quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Feiticeiro

Quando olho para as estrelas no céu e sinto a leve brisa da noite resvalar em meu rosto, minha mente se dislumbra em pensamentos de otimismo em relação à vida.

Quando o leve aroma da dama da noite toma conta do ar que respiro, vem uma grande sensação de paz e tranquilidade, enquanto a calma e serenidade tomam conta de meu corpo.

- Vejo ao longe a imagem de um luar imponente que por formosa harmonia com o meio em que se encontra, completa o quadro da mais bela pintura da natureza, onde todos os anjos se reúnem para observar seus protegidos, que descansam suas almas em sono profundo.

- Ouço ao fundo a mais linda das sinfonias, no mais doce dos ritmos, orquestrado pelas criaturas da noite, pelos ventos uivantes e pela magia de minha imaginação.

- Vem à minha mente todas as lembranças de uma vida, tanto momentos bons como ruins, mas todos relembrados como fruto da mais pura necessidade de se aprender e viver...seguindo todos os caminhos possíveis sem o menor arrependimento.

- Em poucos segundos tudo que existe de egoísmo se esvazia de minha alma e tudo que é de bom corre pelas minhas veias.

- Aos poucos torno-me parte do meio em que me encontro, e como em um renascimento encontro motivos para continuar a viver cada vez mais e intensamente, buscando melhorar a cada dia e corrigir todos os erros do passado evitando comete-los novamente.

- É a purificação natural da alma e transparecer de uma aura reluzente.

- Não pensem que acabou por aqui ... após o fim da noite vem o amanhecer ... e a magia continua...

Para Pensar..


Quando saías esta manhã de tua casa levando pela mão o teu filhinho, fiquei admirando os seus sapatos novos, o seu lindo capote de lã, a sua pasta de couro cheia de livros e a farta merenda que ele levava para o colégio.

Tu me olhaste com desprezo e seguraste o braço do teu filho, com receio que ele me tocasse.

Pensaste, por acaso, no meu infortúnio, no meu abandono, nos meus pés descalços e na minha roupa toda rasgada?

Será que eu poderia contagiar teu filho?

É claro que te esqueceste imediatamente do incidente; subiste no teu automóvel e te perdeste no tráfego louco da cidade, como se perdem sempre todos os meus sonhos.

Ali, só e abandonado dei asas à minha imaginação e fiquei pensando: que diferença existe entre mim e aquele garoto?

Temos mais ou menos a mesma idade, nascemos na mesma pátria; enquanto ele joga futebol com bolas coloridas, eu chuto pedras; ele dorme agasalhado em sua cama macia, e eu me deito no chão sobre jornais velhos; ele tem comida gostosa e variada, e eu tenho que catar algo nas latas de lixo; ele vai ao colégio para aprender a ler e escrever, enquanto eu vivo na rua aprendendo a roubar e a me defender.

São essas, por acaso, as nossas diferenças? Será que a culpa é minha?

Será que sou culpado de ter nascido, sorrir sem saber quem é meu pai e tendo por mãe uma mulher sofrida e ignorante?

Não fui eu que decidi não ir à escola e também não é minha culpa não ter casa para morar e nem comida para me alimentar.

Alguém resolveu assim e eu nem sei quem foi!
Não posso culpar ninguém porque a minha ignorância nem isso permite.

Não posso sair desta situação sozinho, porque sou incapaz de fazê-lo sem uma generosa ajuda.

Então, como nada é feito, cada vez se acentua mais a diferença entre mim e o menino que levavas pela mão.

No futuro ele será como tu.
Um homem de bem e de conceito respeitado pela sociedade.

E eu? Serei um reles vagabundo que se torna ladrão e caminha em direção ao cárcere.

É até possível que, dentro de alguns anos, o menino e eu voltemos a nos encontrar.

Ele como Juiz de Direito, e eu como réu delinqüente, ele para purificar a sociedade de tipos como eu, e eu para cumprir o meu desgraçado destino; ele para julgar os meus atos, e eu para padecê-los.

Como posso ser condenado ao cárcere, quando jamais tive uma
escola para freqüentar?

E quando fiz as coisas à minha maneira chega o peso da lei
e a força da justiça para me aniquilar?
Será que tudo isso é justo?

Amigo, não peço a tua mão pois ela é do teu filho; nem a roupa, nem a cama, nem o livro e nem a comida que só a ele pertencem.
Somente te peço que quando me encontrares na rua, sujo, esfarrapado e abandonado, grave a minha imagem em tua mente e, se sobrar um minuto na tua atribulada vida diária, meditas amigo..., meditas... como podes me salvar?

Sem indiferença, com certeza, poderemos fazer alguma coisa!!!

(Altor Desconhecido)